Test, O Jogo Humano [BR, 2019]

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Test além do luxo. Afinal, lixo é ser luxento.
Mateus SóSucesso!

“O Test é o baterista”.

Já ouvi essa dos outros, e realmente o tecnicismo de Barata, o baterista, impressiona. A questão é que na trituradeira do grind a bateria é o prato principal. Senão não triturava. Grind é ritmo e podreira. A bateria então dá o arranque, né?

É muita preguiça chamá-los de metal, ou apenas e somente grindcore, mesmo que façam lá e lô. Claro, eles têm um pé fincado nessa onda técnica do metal – aquilo a que reaças do estilo chamam de “trampado” –, como também no punk, na coisa de não ser metido à besta e daí fazer nariz de cocô. Quer dizer, eles poderiam ser chamados de “presunçosos” – como na preguiça dizia a extinta revista Bizz –, porque isso tudo no miúdo é uma suíte. Estranho, né?, uma suíte feita em cima da miudeza do tempinho de segundos ou uns nada de minutos por faixa. Mas é isso, é uma suíte, só que sem o praquêisso do fraque mental que virou música feita pra concerto – como se concerto não fosse nos finalmente um show.

Na realidade, O Jogo Humano é a exuberância da bateria com a precisão retesada da guitarra e do bafo profundo de JKombi no microfone se entramelando com a ruideira toda. É conciso, cirúrgico, seco, todo trabalhado nas dinâmicas, música de invenção como se vê pouco. Não serve pra crepe, é pra engulhar o vinho.

Já se viu isso antes na real, mas sem o conservadorismo [de um setor do] metal de criar standards, essa ideia fechadinha standard de como deve ser a dinâmica e a criação. Fazendo paralelo, Ruins e Lightning Bolt são as duas bandas que vêm imediatamente à cabeça. Duas que também vão na vibe da dinâmica de quebradeira do baterista, ruideira e pouco assunto nas cordas do outro membro – érr, este último ponto das cordas aí não é exatamente o caso dos Ruins… As duas são duo. As duas trabalham com improviso. Na real, as 3, o Test também é dois brodagens e também é improviso puro, tanto que eu não sei qual é o verdadeiro O Jogo Humano, vi umas duas ou 3 versões por aí pra escutar. Estranho, eles improvisam em tudo, incluindo o próprio disco, com várias versões dele, e a própria forma-canção, sim canção, pois eles trabalham nessa forma, mesmo que você não entenda nada a não ser ouvindo e ao mesmo tempo lendo o que JKombi diz. É estranho esse lance do som extremo, especialmente quando vindo do punk: você não entende nada do que a galera diz, mas mesmo assim pro público o conteúdo que é dito é tão importante quanto o modo como é dito. Bem, tem um YouTube com uma das versões desse disco do Test pra você acompanhar lá as palavras. Urros, na real.

Essas 3 aí – Ruins, Lightning Bolt, Test – são 3 bagúi saídos de um mesmo balaio de noia. Ruins é mais, sei lá, limpinho (que as outras, é preciso alertar), Lightning Bolt é quase que só o baterista produzindo barulho com a bateria + um baixo distorcido que é praticamente um apêndice (mas que mete demão no alvoroço), e já o Test é a fusão da dinâmica bruta da guitarra com a bateria trituradora crua e, sim, técnica. São 3 efeitos distintos de uma mesma xucrice, de uma mesma razão e de um mesmo desejo. Só que Ruins fica zunindo feito mosquito no ouvido. Lightning Bolt é uma maçaroca. E Test você sabe qual é o quê dos ingredientes mesmo sendo tudo uma grande grosseria, o que certamente os diferenciam do grind vindo do punk como, por exemplo, o Extreme Noise Terror, aquela coisa sonoramente indivisiva – e ao mesmo tempo supimpa – de gente “ruim”.

Só que rola uma bronca nisso tudo, nessa digressão toda. Os caras do Test seriam um Pokémon do gênero em estágio avançado, uma versão bem talhada que se extraiu desse diamante bruto, o grind. Isso é um troço estranho. Existe toda uma ideia de atraso que põe uma pá de cal naquilo que a gente mais ama, como Lester Bangs alertava com insistência – nota rápida: Lester Bangs é um crítico estadunidense que se tornou clássico. Fizeram isso com um monte de coisas massa. Fizeram isso com a música clássica. Fizeram isso com o jazz. Fizeram agora com o rock. Me surpreendi quando vi que pra uma certa galera coisas como Led Zeppelin hoje têm uma comenda de qualidade, um troço bisonho, porque eu quando era pirraia só escutava que rock era excremento. Cresci ouvindo isso, e concordo que a grandeza do rock estaria no seu anti-aristocratismo; pois é, cara pálida, ledo engano: ESTARIA, a fila anda e a galera põe seu dedo de Midas pra que tudo vire merda, e o que era uma promessa de horizonte se torna um fracasso retumbante. Ou seja, o que é pra ser chão, seja objeto pra “poucos”. Fetichismo de peça única de mercado.

Falei pra caralho pra dizer que o Test tem esse problema em potência, ou seja, de tornar-se mimo e nata para paladares de cara de nojo – o famoso “careta” –, crème de la créme. Test pode ser tido como “jazzy”, um qualificativo que poderia torná-lo algo distinto – no duplo sentido – entre seus pares, aquele que paga de diferentão com aquele óculos de aro de tartaruga. Mas, bem, os caras são raçudos, são outro percurso, andam por aí trazendo esse sol de esperança nesse Brasil adverso. Chamou, eles vêm (isso aqui é literal), tipo Beetlejuice (ou “Besouro-Suco” d’Os Fantasmas se Divertem, no Brasil). Que bom. Que continuem assim. Cheguem junto, sejam esse anjo torto que Torquato Neto (esse poeta tropicalista invocado e batuta) anunciava, continuem desafinando, tragam esse sorriso pra quem curte o chão, vida de rua, não esse Jetsons que Recife tá se tornando com seus espigões, dia após dia, esse mundo de shoppings e lojões de departamento com cara de nada. O som tem que tá onde estão as pessoas, não numa arena pra milhões e ninguém. Pois aquilo que é pequeno tende a ter bases sólidas quando vira maior. Não se esfarela fácil.

Arrematando: em cultura e arte, Test – essa banda de SP – é tal como trabalho de formiguinha. Test é real. Como poucas. Como as batalhas de rap aqui, em Recife. Como poucos. Infelizmente.

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Ruins | Lightning Bolt, “Dead Cowboy” | Lightning Bolt, “Dracula Mountain” | Extreme Noise Terror | Lester Bangs | Led Zeppelin | Jards Macalé & Torquato Neto, “Anjo Torto” | Torquato Neto |

 

Test e seu O Jogo Humano, um negócio tão bom que competiu com Dusty Springfield no meu coração.
Aroldo SóSucesso!

Estava andando pelo Recife num dia chuvoso, ouvindo O Jogo Humano da dupla Test, sem saber o que pensar, quando uma cena, se não me forneceu uma chave, ao menos atiçou uma sensibilidade: um homem comum urinava num portão ostentoso do rico Colégio Salesiano. Agora, pelo menos um videoclipe eu já tinha no meu repertório de experiências com as quais comparar, pensar, fruir o álbum. Um videoclipe bem peculiar, real no sentido mais puro que concebo: acontecendo na minha frente, com carne, osso, cimento e ferro.

O Jogo humano é, por um lado, a realidade crua, suja, decadente, deprimente (os adjetivos negativos não têm fim, na verdade) que se mostra ao sujeito urbano o tempo todo, sempre de cara nova e sempre a mesma, é o colégio dos poderosos. Por outro lado, porque senão eu não me disporia a falar disso, também é sublimação musical, mas de um modo que reconhece, NO SOM MESMO, a dor de ser gente. O homem urinando no portão enorme da escola de ricos vazia pode não achar que esteja fazendo qualquer coisa de diferente, mas a mim formou a pintura, com a ajuda da música do Test, do excluído gozando do seu quinhão de vingança possível naquele momento. Com a chuva e a rua vazia, finalmente ele pôde aliviar a bexiga do modo mais digno: sem ter que procurar uma área escondida e calhando de ser num símbolo daquilo que o oprime.

O Test vai pelo lado da música pesada que não busca escapismo, fantasias de poder viril; quando se fala de música extrema aqui, o termo não é um devaneio de auto-engrandecimento, mas constatação de que essa música está no limiar de não ser mais música, de se transformar de vez no som caótico do cotidiano opressor das grandes cidades; a dinâmica da canção popular não interessa porque é abstrata (ou seja, não representa nada exceto ela mesma) e foge dos problemas da existência, mas também não interessa a produção de ruído puro, porque qualquer máquina (que é construída para obedecer aos humanos detentores do poder) é capaz de fazer isso e o resultado é opressão pura e simplesmente. Test é sublimação que pretende devolver a si e aos ouvintes as rédeas daquilo que é inescapável, para que, mesmo que esse controle seja temporário, ele possa dar espaço a uma consciência permanente.

Essa sublimação dura, espelho crítico do real, fica patente nos timbres ásperos da guitarra e na bateria que soa como uma barra de ferro batendo em maquinaria de fábrica. O jogo humano aqui não é lúdico, não é entretenimento; é um jogo no sentido de refletir o aparato do ruído industrial, do mercado, da pressa da rua, do trânsito infernal, de toda a merda urbana que invade nossos quartos (porque inclusive permitimos), e devolvê-lo expurgado, desde que percebamos que, se a vida de agora inevitavelmente é assim, que se possa deter algum controle simbólico sobre ela.

O Jogo Humano é um álbum, na acepção mais e mais em desuso no mercado de que haja um sentido que unifique um grupo de faixas lançadas juntas, mas que subverte os princípios idealistas de autoria que levaram a essa concepção, porque aqui não temos canções em UMA sequência que visa a extrair do álbum a dinâmica que gravadoras ou músicos imaginam como A melhor. Aqui, temos blocos curtos que permitem ser combinados segundo as idiossincrasias de quem ouve, a partir de uma lógica combinatória que pode jogar com os sentidos oferecidos pelos títulos, pelo som, por tudo isso e até por nada disso, criando-se novos significados e panoramas a cada audição. Essa autonomia do ouvinte e da ouvinte só me parece possível porque os blocos são diversos o suficiente para, combinados, criar “canções” com dinâmicas únicas, mas também similares o bastante para que a cadência se mantenha e permita a percepção de se estar ouvindo/criando partes de um todo, ou melhor, de vários todos.

O que o Test faz aqui é uma obra humanista mesmo, uma experiência em que, simbolicamente, esses grandes latões industriais de moer gente são temporariamente apropriados pelo indivíduo, que agora pode se libertar do jugo da produtividade que não é a que vai pro seu bolso, e usá-los para criar música. Apesar de usar instrumentação convencional do rock, o que o Test consegue aqui ressoa com a lógica musical de bandas industriais como Einstürzende Neubauten e Test Dept, que buscavam tirar música de objetos industriais pesados, que, justamente por serem, em sua origem, instrumentos de opressão bruta, podiam ser, por assim dizer, cooptados para representar o negativo da opressão, a parte também dura, lancinante, barulhenta, mas agora recebendo sentido pela parte oprimida. E deve ser muito difícil se posicionar estética e eticamente em oposição às grandes corporações usando um piano de cauda (mas aceito dicas de artistas nessa linha).

Voltando ao caso do homem que urinava, me ocorreu naquele momento como O Jogo Humano é um pouco como música ambiente; não algo como Brian Eno, mas um muzak pra uma caminhada por paisagens que o ser humano criou, feias e belas a um só tempo, muitas vezes sintetizadas num mesmo objeto. Não é a minha praia, eu que ando ouvindo muito Dusty Springfield, mas é foda.

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Einstürzende Neubauten | Test Dept. | Brian Eno | Dusty Springfield |

 

Um jogo de armar chamado Test.
George SóSucesso Yeah!

De vez em quando, no multiverso da música pop, alguns artistas conseguem, seja em um disco específico, seja na obra como um todo, ultrapassar as fronteiras de certo estilo e levar às mais extremas consequências as possibilidades de abertura criadas pela quebra de preconceitos de gêneros e sectarismos de estilo, alcançando uma nova forma que desafia conceitos e rompe com os limites da verossimilhança imposta pelo mercado. No jazz esse tipo de inovação pode ser visto na obra de Miles Davis que não satisfeito em desafiar os limites do próprio estilo e inventar o cool jazz, dissolveu as barreiras entre o jazz e o rock, gerando no Bitches Brew, uma nova forma de se encarar o jazz dentro do rock e vice-versa, desbravando novas trilhas que permitiriam a bandas como os Stooges tocarem em festivais de jazz nos anos 70 (o próprio Miles era fã da banda) e a artistas de jazz como Herbie Hancock e Quincy Jones alcançarem status de pop stars. Na virada dos setenta, a revolução precog (termo usado em ficção científica para denominar a capacidade de antever eventos do futuro) do Throbbing Gristle, encabeçada por Genesis P-Orridge e Cosey Fanni Tutti arrancou o pop da prisão formal de guitarra/baixo/bateria/vocal e estilhaçou as divisões entre arte-música-indústria e revolução, criando uma forma completamente nova de espetáculo no qual o público é convidado a se confrontar com seus próprios medos e preconceitos, transformando seus “shows” em autênticas sessões de psicanálise coletiva. Uma forma de arte verdadeiramente catártica chamada de música industrial. Já nos 90 essa mistura de sons e quebras de barreiras começa a atingir a assim chamada música de peso, e se por um lado este se suaviza e abraça o pop com o grunge, por outro, ajuda a transformar estilos extremos antes relegados a uma subcultura como o death metal e o grindcore em um novo gênero que ultrapassa as preconcepções do estilo até chegar no estágio de uma música com o caráter altamente experimental. Se esse fenômeno já vinha acontecendo dentro da própria estrutura da musica pesada a partir do surgimento do crossover (mistura de thrash metal e punk/hardcore), é com o jazzcore de bandas como Naked City de John Zorn, Painkiller, formada por Mick Harris, membro fundador do Napalm Death, Bill Lawswell e o próprio Zorn e ainda com os milhares de experimentos ligados à franquia Mike Patton, que as estruturas do edifício do metal serão implodidas levando consigo as limitações enfrentadas pelo gênero. É nesse cenário que os anos seguintes veem surgir uma explosão de subgêneros como o noisecore, deathgrind, electrogrind e o próprio harsh noise, que mesmo sendo mais antigo acaba por se retroalimentar dessas novas correntes aprofundando ainda mais o caráter experimental da música pesada. No Brasil, apesar de lutarmos pelo título de criadores do grindcore com uma banda que era grind antes do grind existir, a Brigada do Ódio, a experimentação em nosso som pesado, limitou-se muitas vezes ao uso de elementos como os sintetizadores e teclados no terceiro disco do Sarcófago, ou ao crossover paradigmático do Ratos de Porão no Anarkophobia e ainda o disco Roots do Sepultura.

Nesse sentido é que surge como uma erupção na bolha da pasmaceira de nossa música o disco O Jogo Humano, do Test. Um dos discos de música pesada e ao mesmo tempo pop mais experimentais lançados nos últimos anos. Um brinquedo de armar construído a partir da ideia de Júlio Cortázar no livro O Jogo de Amarelinha (no qual o leitor é convidado a escolher a ordem de leitura dos capítulos), só que com metrancas ou blast-beats no lugar do jazz bebop de Charlie Parker.

Lançado em 2019, a obra surpreende pelo ineditismo de criar um disco em que o ouvinte escolhe o caminho que vai percorrer formando frases aleatórias, absurdas ou não a partir dos títulos de suas mais de 50 músicas, as quais muitas vezes se resume a um monossílabo. As músicas se alternam entre murros no estômago instrumentais de curta duração (“Não” quebra o recorde de “You Suffer” do Napalm Death com seus dois segundos de duração) e canções (isso mesmo, canções) brutalmente minimalistas, muitas compostas às escuras por artistas que não necessariamente militam na cena underground da música pesada como Lirinha, China e Kiko Dinucci, arrancando o Test daquele nicho da música extrema noisecore e colocando-o, assim como Ratos e Sepultura, no contexto da famosa e inexistente linha evolutiva da música popular brasileira, “Por que nãão?! Por que nãoooo???!” (“Alegria, alegria”, Caetano). Muitas das letras refletem de forma estranhamente poética – para um disco de grind que geralmente alterna-se entre o tom político panfletário e o gore horror – os tempos sombrios em que vivemos.

A violência concreta de O Jogo Humano, assim como sua bateria absurda, parece sair de alguma caverna mitológica de sonhos platônicos de um adolescente de 15 anos como uma advertência direta para os ouvidos moucos da decrépita indústria pop brazuca que insiste em requentar restolhos do BRock e emular o mercado gringo de R&B: um grito de revolta em forma e conteúdo contra a chatice reinante de um mercado que cada vez mais sectariza o que pode ou não ser ouvido, confundindo, como na alegoria grega, a verdade com as suas sombras. Trata-se de uma burrice histórica que as músicas desse disco não cheguem a difusão radiofônica que merecem. Por experiência própria, sabemos que o Test transita confortavelmente seja tocando no Bar do Reggae, espaço underground no Recife Antigo, seja em um festival como o Abril pro Rock (tanto no palco principal quanto no estacionamento), inclusive já tendo feito uma turnê Brasil afora tocando em uma Kombi. Porém sua música transgressora e inovadora merece a difusão por veículos bem maiores do que a parte que atualmente lhe cabe nesse latifúndio midiático, pois “We Want the Airwaves!!” (“Nós queremos as ondas sonoras!”), como cantavam os Ramones.

Nós, ouvintes, exigimos!

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Miles Davis | The Stooges | Herbie Hancock | Quincy Jones  | Throbbing Gristle | Naked City | Painkiller | Mike Patton | Brigada do Ódio | Sarcófago | Ratos de Porão | Sepultura | Charlie Parker | Napalm Death | Caetano Veloso | Ramones |

 

>FICHA TÉCNICA:

Test é: JKombi – Guitarra/Vocal, Barata – Bateria.
Todas as músicas por Test, exceto “10-Né”, feita por Kiko Dinucci através de uma bateria de Barata.

Produção: Test.
Gravação e Mixagem: JKombi (Estúdio “Cheiro de Banana Podre”, São Paulo – BR).
Masterização: Brad Boatright (Estúdio Audio Siege, Portland – EUA).

Ediçao/Corte: Bernardo Pacheco (Fábrica de Sonhos, São Paulo – BR).
Efeitos Adicionais em “26-Com”, “29-Fica”, “43-Fogo”, “45-Tudo”: Bernardo Pacheco.
Efeitos Adicionais em “3-Entendeu”, “6-Confidencial”, “23-Imagem”, “26-Com”, “29-Fica”: Dovglas Leal.

Foto promo: Chris Justtino.