Jinjer, “Pisces (Live Session)” [UKR, 2017].

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Atenção: abaixo segue três textos diferentes escritos cada um por um autor diferente.

 

Sobre pandas e homens – o metalcore viral de Jinjer.
George SóSucesso Yeah!

Escrever sobre metal é um saco. Por mais que você tente parecer entendedor do estilo, sempre vai ter aquele superfã atento que vai apontar alguma especificidade ou detalhe que transformará seu texto no mínimo em uma piada interna de seu grupo de RPG. Por motivos nunca compreendidos pela ciência, o heavy metal e toda a sua ramagem – black, death, doom, gore, grind, speed, thrash (gêneros que existiam até a época em que acompanhava) – tem a estranha capacidade de transformar pessoas comuns como balconistas, engenheiros, entregadores, médicos, professores e bancárias em verdadeiros prosélitos vestidos de preto, adoradores de um objeto sagrado incompreendido e misterioso dispostos a fazer tudo para defendê-lo, inclusive destruir os argumentos pífios de um ecleticozinho metido à besta. Óbvio que isso é um grande estereótipo e nem todos os fãs de metal colocam o sectarismo de suas escolhas acima do diálogo e do conhecimento. Não é a pureza do metal, mas sua abertura à inovação que temos visto nos últimos 20 anos que faz com que esta seja praticamente a única vertente do rock’n’roll que criativa e economicamente não está respirando por aparelhos.

Não devemos confundir o fã conservador do metal mamute congelado no tempo com o seu público real. “Real” sendo aqui a galera truezeira, na falta de um termo melhor, que coloca a integridade de sua escolha estética dentro de uma ética da música extrema e entendem o metal em sua linha adaptativa. Pessoas como Leko, Silva Trash, Filipe Filiposo, nosso futuro colaborador Mateus Otaku e meu amigo Marcos da FAFIRE. Gente que se emociona ao comprar um split da banda mais obscura do leste europeu ou possui a capacidade ubíqua de estar em todos os shows da cena, apoiá-la e visibilizá-la, mesmo que para isso tenho que sacrificar seus suados trocados. Não são músicos, nem artistas, mas apenas pessoas inquietas que não se deixam anular pelas pressões da sociedade. Anônimos que traduzem o espírito desbravador do metal: gente simples, de classe trabalhadora, com sonhos e ideias de mudar o mundo a partir de seu desencaretamento metalístico, sem aquele ranço de ódio a tudo que não seja pesado, como um certo crítico da coluna “O Radical” da Rock Brigade, para quem o mundo começava e terminava em um show da Dorsal Atlântica.

Por isso ao tratar de bandas e estilos mais recentes temos que ter a atenção redobrada. Pois além das informações sobre a banda, primeiro é necessário entendermos em qual novo gênero aquele som se encaixa, suas características, influências e bandas similares (aqui excluo as bandas derivadas da tradição mais conservadora do “verdadeiro” metal, por questões minimamente criativas) para não incorrer em imprecisões e falsificações.

A depender do tempo de pesquisa e convivência, isso pode dar a origem a um texto que faça comparações e linke influências, e que traga, de quebra, alguma informação nova sobre a banda ou estilo. Em suma, uma nova perspectiva. Algo que saia da crítica jornalística ou laudatória para colocar uma pulga dentro dos ouvidos estourados do leitor. No entanto, se esse tempo não existe, a única saída é apegar-se às poucas e duvidosas informações da internet e confiar no seu instinto de sobrevivência.

No caso de Jinjer e do gênero ao qual a banda é filiada, o metalcore, uma espécie de manguebit da música de peso, a coisa se torna particularmente difícil devido ao paradoxo representado pelo sucesso da banda. Apesar de vir da Ucrânia, a banda é bem conhecida, o vídeo de sua música mais famosa, “Pisces”, possui mais de 42 milhões de visualizações, alcançando o cobiçado status (para youtubers e influenciadores) de viral. Não sei se essa quantidade absurda de exposição se deve puramente ao estranhamento causado pelos urros e grunhidos guturais de fazer inveja a Barney, o urso, do Cannibal Corpse, de sua vocalista Tatiana Shmayiluk que se alternam com vocais à lá The Voice, ou pela capacidade de engajamento da banda na internet, já que outros vídeos chegam próximo à marca dos 10k no YouTube. O certo é que a banda se coloca na tênue linha entre essa capacidade adaptativa do metal e seu conservadorismo estrutural inerente. O metalcore em si já é um gênero limítrofe pois advindo do crossover de bandas dos 80 como D.R.I e do hardcore metálico (Earth Crisis, Vision of Disorder), transforma o princípio da fusão em uma lei, abrindo espaço para uma oxigenação do gênero. No entanto, ao promover isso, a distinção com outros subgêneros como o groove metal e o próprio nu-metal torna-se uma jornada apenas para iniciados. Essa ausência de identidade muitas vezes faz com que o som das bandas, tal qual aconteceu no devir do manguebit, assuma uma característica genérica e formuláica. O que antes seria inovador, vira apenas a repetição de padrões como vocais guturais alternados com melódicos, mudanças repentinas de andamentos e baterias metranca.

Para ouvidos pouco treinados, Jinjer, por exemplo, pode lembrar muito os primeiros discos do Pantera e ainda remeter ao nu-metal de bandas como Korn e Slipknot. Isso faz com que a verdadeira tempestade vulcânica que sucede a calmaria melódica que vemos nas câmeras 4k do viral de “Pisces” fique parecendo apenas um show de pirotecnia de réveillon. Muda todo ano mas é sempre a mesma coisa. Segundo fontes seguras, a banda ainda flerta com dancehall e gosta de Cypress Hill. A escuta de seus outros discos não foi suficiente para desfazer a impressão de generecidade, apesar de uma música ter me pego pelas entranhas: “Who is Gonna Be the One”. Obviamente, essa impressão vem da falta de comparativo com outras bandas do estilo como Killswitch Engage e Avenger Sevenfold. Mas no caso de “Pisces” e seu fenômeno midiático, por mais que nos esforcemos, a sensação que fica é a de que este vem apenas do esquisito de sua performance e de que sua única diferença para vídeos de pandas fofos destruindo supermercados é o fato de seus protagonistas serem humanos.

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“Sobre Ratos e Homens”, de John Steinbeck [Wikipédia] | Dorsal Atlântica | Cannibal Corpse | D.R.I | Earth Crisis | Vision of Disorder | Korn | Slipknot | Cypress Hill | Jinjer, “Who is Gonna Be the One” (Ao Vivo) | Killswitch Engage | Avenger Sevenfold | “Nunca Diga Não ao Panda” [Propaganda Clássica do Egito] |

 

Jinjer, “Pisces”. “Ok boomer.”.
Mateus SóSucesso!

Uma brother um dia me mandou um link, como vez por outra me manda, link de música, um dos interesses da gente. Como a sintonia é a mesma, fui sacar qualera. E era o vídeo da Jinjer, banda ucraniana cuja música, “Pisces”, já chegou na marca de mais de 40 milhões de visualizações. Muito pruma banda metal e coisa e tal.

Daí, vídeo iniciado, e eu: “Putz, acho que essa turma aí é tipo uns ex guerreiros do metal fazendo uma musiquinha melosa pra isqueirinho no Geraldão (esse estádio que voltou a existir agora agorinha no meio da pandemia :0 ), putz, que saco, minha brother né de pelegar assim…” e por aí seguia. Nunca curti Alanis Morissette e toda a bagulhada radiofônica MTV – que era muita, de Sublime a The Presidents of the USA, uma banda que ainda bem que foi esquecida. Se engana aquele ou aquela que é só memória afetiva e loas e flores pra MTV, um canal que tinha realmente muito programa massa, mas que tinha também muita bagaça enlatada na programação, era um saco assistir durante o dia – o melhor era tardão da noite mesmo (aquele abraço pra tu, Massari!). Mas, enfim, falo tudo isso, só que não sou essa truezeira toda, coração menino, curto músicas de amor e tudo, só que amor dói, né?, e tipo Tori Amos, pra mim, combina mais com essa verossimilhança afetiva que aponto. Tem umas dela que são de cortar os pulsos, e Amos vem sendo esquecida sistematicamente, uma compositora com discos bem fera.

Enfim, tava lá de boa na lagoa, sacando a dos falsos metaleiros, só que o clima Alanis de repente, de repente… ahn, que porra é essa?, do nada brota uma malevolência metal. O.o PORÉM… linha Korn etc, isto é, a banda cai noutra bagaça, só que agora puxando pro nu-metal.

Vey, sou um ranheta. Nu-metal sempre foi um estilo de aborrescente leite com pêra; eu era aborrescente, mas leite com pêra tou fora. É tipo um som feito pra animar txurminha fazendo pipoca na audiência – tipo pista de dança heteronormativa, aff, né? Ou seja, esse som do conjunto Jinjer tinha tudo pra dar errado pra mim, só que, pelo contrário, deu certo. Fiquei me perguntando: o que tá acontecendo, o que se passa, qual é a minha verdade, “onde está Wally”?

Certamente, o que me deixou de cara foi a capacidade vocal de Tatiana Shmaylyuk (deixa todo mundo, né?), uma cantora e tanto essa da banda. Impressiona como ela pode ir pra picos tão extremos, como desliza de uma vibe pra outra, como ela não fica com a garganta arranhada e tossindo quando depois de interpretar o diabão volta pra miadeira grudenta da melodia – com umas horas, no final, em que alterna tudo na mesma progressão. Aliás, é curioso: “Pisces” é uma composição grudenta, fica na cabeça imediatamente, talvez por ser essa mistura da miadeira com a pipoca que digo. Mas, voltando pra Shmaylyuk, você fica: “Como pode, donde brotou essa vocalista?, né possível, só pode ser recurso de estúdio…”, porque não lembro de nada igual agora, talvez o motivo de tanta visualização no YouTube. Porém, bicho, ela canta de fato do mesmo jeito em shows facilmente assistíveis na plataforma, o que significa que “ei, isso é mesmo real, vey…”.

Não sei, mas puxando assim de memória, somente o Queen chegou perto desse fluxo insólito, de sair de um rock meio prog pra canto de ópera, do chororô pra alegria extrema etc – vide “Bohemian Rhapsody”, famosa. Só que a gangorra sonora impressa por Shmaylyuk é outra, de mundos a princípio opostos, mas talvez não nesses tempos onde, se você quiser, você escuta tudo junto e misturado. Claro, o embolhamento está piorando a cada dia, mas a possibilidade de você sair de 8 pra 80 tá a um clique. Já se podia antes, era uma prática minha e dos chegados e chegadas, só que agora tá papinha na boca, só é querer. O problema é que tem uma galera que não quer, tipo o futuro parece ser o de gente com alma engaiolada mesmo. Vejamos.

Bem, tá rolando umas surpresas, como essa faixa, que me parece sair da mesmice sectária dos gêneros. Me pergunto: essa faixa abriria a guarda de mundos fronteiriços? Essa bomba de açúcar radiofônica + malvadeza truezona faria os truezão se abrirem e abraçarem gente que vomita arco-íris? Não sei, sei lá, acho que não. Teve um monte que curtiu o vídeo, mas teve um monte que descurtiu lá – e não foi pouco.

Falei da vocalista, que é de deixar incrível, que senhor vocal!, mas o background é identicamente chuchu beleza. Muito da naturalidade com que a composição sai da miadeira estereotipada pra daí brotar o monstrão possui dívidas também com os músicos. O arranjo realmente desliza junto, o vai e vem parece natural da forma com que é colado, tipo não é um momento x que sai pra outro y, parece que x e y foram feitos um para o outro, que é “tudo a mesma dança, meu boi!”. Aliás, curioso lembrar dessa música cantada por Gil e com letra de Torquato, pois algo similar rolou no Tropicalismo brasileiro, de fundir o que seria oposto e improvável, a saber, a música popular daqui (o bumba-meu-boi da letra) com uma bagagem ocidental tanto de concerto quanto do rock (no caso da letra, o iê-iê-iê, que aparece cifrado quando se diz “ê bumba, iê-iê-iê!”). Só que é outro momento, é outra coisa, Jinjer é uma banda metal de agora e sem manifesto. Segue.

E sabe aquele cacoete de músico amostrado? Os músicos da banda têm, tipo os caras mostrando pra câmera que fazem umas aranhas nos instrumentos de cordas, que o baterista toca todas sem esforço etc, aquele praquêisso padrão. Contudo, isso tudo é menor, afinal é imagem. A naturalidade sonora toda do barulho + cuti-cuti supera essa coisa de conservatório dos rapazes. Tá odara.

Mas, olha, se tu é um millenial que acha que uma obra morre pelo spoiler, pode ser que essa canção já tenha morrido pra tu, visse? Só que eu acho, sinceramente, que tu tá perdendo muito indo atrás de “happy end” por controle remoto, afinal, a vida não se controla.

Vá por mim, millenial, saca lá, capaz de tu curtir também. Vá lá, velho, deixa de tédio, se aventure, seja feliz e se surpreenda. Um beijo pra tu.

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Geraldão [Recife Ordinário, Twitter] | “Veja as fotos do novo Geraldão, inaugurado nesta quinta-feira (24)” [Matéria do Sistema Jornal do Commercio, NE10] | Alanis Morissette | Sublime | The Presidents of the USA | Fábio Massari | Tori Amos, “Blood Roses” (Ao Vivo, 1997) | Tori Amos, Boys For Pele [Disco] | Korn | Nu-metal [Wikipédia] | Jinjer, “Pisces” (Ao Vivo, 2019) | Queen, “Bohemian Rhapsody” | Gilberto Gil & Torquato Neto, “Geléia Geral” | Iê-iê-iê [Wikipédia] |

 

Jinjer, “Pisces” – “Fez que foi, não foi, e acabou não fondo mesmo”.
Aroldo SóSucesso!

Uma apresentação metalcore editada de modo ultra-clean, mas sem playback (e portanto de acordo com a ética do metal), de uma música mediana, e temos uma sensação de YouTube. Três anos na plataforma e 50 milhões de visualizações para algo ainda longe da escala dos mega-eventos de R&B não é de se desprezar, mas a música e o vídeo são.

Aos fatos: a banda ucraniana Jinjer é underground? Não. Os videoclipes, as vendas, as apresentações lotadas, tudo isso não é underground; Jinjer é nota de rodapé na enciclopédia gigante que é a indústria musical, mas pelo menos está lá.

O crucial para o sucesso do vídeo (de uma banda que, de qualquer modo, angaria uma média de 2-5 milhões de visualizações por vídeo) é que ele escancara visualmente a proficiência vocal de Tatiana Shmailyuk, cujo alcance vai de um registro suave a vocais guturais. Mas eu assistia àquilo me perguntando “ok, mas isso tá indo pra onde mesmo?”. O culto ao vídeo mostra como um truque sensorial bem feito é rentável em tempos de déficit generalizado de atenção.

E lá fui-me ver outros vídeos de Jinjer e de artistas similares e o metalcore a cada novo vídeo se aparentava mais a um ioiô colorido, que, a depender da habilidade do usuário, gera efeitos mais ou menos interessantes, mas que continua sendo um brinquedo, e portanto esquecível. O metalcore de Jinjer é no máximo uma montanha-russa: a sensação de vertigem some conforme o estômago se acostuma.

Essa vacuidade se arraiga em boa parte pelo desejo do público, criança carente tornada satãzinho atiçador, cujas exigências são viciosas e viciantes.

PARÁGRAFO ÚNICO: A rigor, esses problemas são pragas que assolam regularmente a música pop em geral, mas o nó aqui é o parasitismo cujo hospedeiro ideal é a vontade de ser bombástico.

E já que eu me perdi mesmo, voltemos ao ioiô, que, mesmo o de plástico, ainda surpreende nas mãos de alguém talentoso ou de alguém criativo que o desmonte e o transforme em um novo brinquedo. Acho que Jinjer quer ser esse segundo jogador, mas seus fragmentos estilísticos só me fazem pensar num método composicional baseado na aleatoriedade e falta de noção do Roletrando. Sim, estou falando de Silvio Santos. O metal, no seu pior, é uma espécie de Roletrando que se leva a sério, o cúmulo do kitsch, a buscar epifanias através do Yin do chororô sentimental e do Yang das guitarras libertadoras (ou o contrário, sei lá), numa dinâmica narrativa de saga épica em que a calmaria precede a batalha que precede o triunfo que precede o período de refração pós-ejaculatória.

“Mudando de assunto”, apesar de não ser reacionário a ponto de acreditar em incompatibilidade absoluta na música, já me deparei com algo que só a falta de senso de ridículo fruto da canalhice extrema é capaz de criar: a venalidade do (prepare-se) rap sertanejo que ouvi numa bodega gaúcha é tão integral ao som que gruda como cola de fezes ao ouvido. Jinjer não é canalha, mas sua experimentação soa tão artificial que essas misturas de sons antípodas resvalam pro contrário da intenção original, o som se torna monótono como um teste de Rorschach, imagens fragmentadas mas simétricas, em que só se veem morcego, borboleta e focinho de cachorro. Em “Pisces”, Tatiana canta uma melodia agradável e esquecível apenas para contrastar com a parte pesada da música. Jinjer não é coerente como John Zorn e Mike Patton, porque acredita demais em coesão, e a coerência desses artistas nasce justamente de mandar a coesão pro espaço. Jinjer bota tudo no automático: parte lenta suave, vocal gutural, repita 3x. Seu público não é reacionário como o de artistas corporativos, mas a cena mesma, por mais organicamente estabelecida, já se basta como tirana de si própria.

Talvez o lado tirânico do público, em seu aspecto sexista, também ajude a explicar por que há tantos dislikes em uma música que parece ter todas as qualidades musicais pra ser um hit do gênero. Os comentários sobre a beleza de Tatiana aparecem com muita frequência. Às vezes, comenta-se antes sua competência, talvez pra evitar a acusação de sexismo . Do outro lado da mesmíssima moeda, uma mulher competente que se preocupa com a aparência talvez seja o pecado máximo para alguns fãs, mesmo que ela apenas use um pouco de maquiagem de tons escuros, “gótica”, e se vista dentro dos padrões estéticos do gênero, assim como o resto dos integrantes, de quem não se elogia a beleza mas nem tampouco são desmerecidos por seu gênero.

As mudanças dos tempos se dão aos trancos e barrancos, e às vezes se avança aqui pra retroceder ali. Visto em panorama histórico, o metal tem um histórico de preconceito ao que não seja homem, branco e heterossexual. Faz sentido que esse comportamento ganhasse espaço e vazão em uma música que emula arquétipos masculinos não só de força bruta, mas, talvez principalmente, de poder. Como a mudança de mentalidade do público contemporâneo se dá cada vez mais rápido, o processo é heterogêneo e a velha mentalidade encontra um jeito de se manifestar, muitas vezes mascarada sob seu suposto contrário, no caso dos elogios à beleza de Tatiana, e em outros casos, através de acirramento de reacionarismo latente em figuras como Phil Anselmo.

É árdua a batalha, e talvez, conforme minorias tentem se firmar, seja ainda mais pras mulheres. Os obstáculos não são fáceis, mas têm sido enfrentados. Rob Halford, por exemplo, demorou a assumir-se gay mas sua imagem pública mudou pouco. Mas Rob é um caso raro dentro das grandes bandas de metal e provavelmente o fato de ser um ícone do gênero tenha lhe conferido alguma proteção. As coisas só vão mudar quando divisões equalitárias se tornarem comuns. Fora do metal, há poucas bandas na história do rock exclusivamente femininas ou mistas. O metal, na verdade, é só o caso mais óbvio de um velho problema.

>>Pra sacar mais, clique no amarelinho:

Roletrando [Programa Sílvio Santos, 1992] | “Estilo Kitsch”, por Ana Lucia Santana [Matéria] | “O que é Yin Yang?”, por Kenji Takada [Matéria] | Teste de Rorschach [Wikipédia] | John Zorn | Mike Patton | “Rob Halford revela como foi assumir-se gay à MTV em 1998”, por Igor Miranda [Matéria] | Judas Priest, “Painkiller” | The Runaways, “Cherry Bomb” | Volkana, “Darkness” |

 

>FICHA TÉCNICA:

Jinjer é:
Vocal: Tatiana Shmaylyuk.
Guitarra: Roman Ibramkhalilov.
Baixo: Eugene Abdiukhanov.
Baterista: Vlad Ulasevich.

Direção do Videoclipe: Oleg Rooz.

Gravação: Istok Studio (Quieve, Ucrânia).
Mixagem: Max Morton (Morton Studio).