EDITORIAL (agosto de 2020).

Somos uma equipe de Recife-PE que gosta tanto de música que, pra gente, só ouvir não basta. Há pouco debate (na mídia mainstream) que fuja do “gosto/não gosto”, falta paixão e, principalmente, falta botar as coisas num sentido estético que também seja ético. O que se tem é um mundo de informações, de releases disfarçados de crítica, e muito pouca autocrítica. Se a gente vai mesmo contribuir pra mudar essa mesmice, isso é outra história, admitimos a pretensão da coisa toda, mas é triste ver o público sendo empurrado a comer feno onde se colocam adesivos com dizeres coloridos como “nova onda electropop pós-grime megazord topzera” com um desses barbudos pintados em certas barbearias dando ok com a mão e dizendo “é verdade, eu comi e dou fé!”.

Nessa remada contra a maré, trabalharemos com o formato de séries temáticas formadas por quatro blocos atualizados semanalmente, cada um contendo vários pontos de vista sobre um mesmo assunto, sejam eles discos/faixas/autores/oqueseja.

Na nossa condição de meia-idade avançando serelepe pra inteira, nos lançamos ao desafio de começar falando de coisas lançadas nos últimos dez anos, MAS não visando a virar os reis da novidade que a plebe só vai conhecer quando apontarmos, e lembrando que novidade e frescor musical não são exclusividade do que saiu na última semana. E, se as coisas de que vamos falar nessa primeira série são relativamente recentes, a ideia é priorizar aquilo a que se tem dado pouca atenção. Algumas fazem parte de cenas movimentadas mas que não saem do nicho. E podemos até falar do mainstream, mas desaguando nele pelos meandros de quem se envereda pela música buscando fugir de algoritmos viciados. Queremos sair do lugar-comum anglicista, mesmo que seja praticamente impossível não falar do que se faz nos EUA, na Grã-Bretanha e no resto da Europa ocidental nortista.

Bem, mais que falar e falar aqui, nesse Editorial, aconselhamos que deem uma lida nos nossos textos. São curtos. E nos deem feedback do que acharam.

E força na peruca!